domingo, 30 de agosto de 2009

How the west was won


O meu cinqüentenário foi bem comemorado. Na terça passada, participei de uma das melhores sessões de jazz dos últimos tempos (pelo menos para mim). Na quinta, toquei um pouco de blues com a moçada do Sunrise (grupo de Vitória). No sábado, fui assistir Thales e seus amigos tocarem músicas do Led Zeppelin (foto dir.) no teachers pub. Tudo regado com vários tipos de uvas de diversas partes do mundo e, vez e outra, culminando em bons momentos em boa e doce companhia. Para encerrar, hoje, daqui a pouco, irei à casa do meu amigo Danilo tocar um pouco de mpb. Mesmo assim, lá longe no horizonte da alma, acena-me uma leve melancolia. Tá bom não, muquirana? Sim, sim, o problema é: quando acontecerá de novo? Nunca mais. Como nesse blog, o que resta são reminiscências.
Parece que não há mais surpresas no mundinho cão. Surpresa, espanto mesmo, como aquela que tive quando deparei-me com outro compacto simples que meu irmão mais velho trouxe da capital. O som da afiada e aguda voz em companhia de uma guitarra lancinante, mais um baixo e uma bateria que troavam como as patas dos cavalos das hordas apocalípticas. Aquele som mais pesado que chumbo me fez flutuar: Led Zeppelin. No disco, de um lado tinha Black dog, do outro Rock'n'roll. Creio que foi aí que meus pentelhos e meus cabelos começaram a crescer.

Led Zeppelin seria o primeiro post para esse blog. Aguardei uma cópia do disco que Bernardo me apresentou durante uma sessão de bons vinhos em sua casa: How the west was won, gravado ao vivo, em 1972, quando a banda estava em seu auge. Esse disco me agradou bastante e foi inspiração direta para iniciar os trabalhos aqui nesse sítio. As versões dos clássicos zeppelinianos estão irrepreensíveis, com uma pegada forte como há muito não ouvia. O disco não veio. Continuei esperando até não poder mais adiar. Enfim, consegui encontrar o danado na rede e deixarei aí para vocês se esbaldarem.

Ouçam ali no podcast.

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domingo, 23 de agosto de 2009

Os vikings chegaram!!! Os vikings chegaram!!!

"Como se pronuncia os nomes desses caras?" - essa foi a primeira coisa que veio à minha cabeça ante a chapação causada pela audição do disco Moving waves, de 1971. Os músicos eram Thijs van Leer, Jan Akkerman, Cyriel Havermans e Pierre Van der Linden. O grupo era o Focus. Os vikings, enfim, estavam invadindo a minha praia.

Agradou-me o lirismo da flauta pilotada por van Leer (confiram em Janis), que, em contraponto com a guitarra de Akkerman e com a cozinha, resultou num som envolvente e forte. Divertidíssima é Hocus pocus, hit avassalador desse disco. Em Focus II, a guitarra de Jan Akkerman é o carro chefe - límpida e afiada como uma navalha. O lado b do lp é dominado por uma, digamos, suíte intitulada Eruption. Nela, o pedal de volume da guitarra, na introdução, produz um som que se casa perfeitamente com o órgão (aos cuidados de van Leer) - aqui o som está bem próximo daquele produzido pelo trio Emerson, Lake & Palmer. Todos os movimentos dessa peça são bem articulados, mostrando a grande coesão musical do grupo.

Ouçam duas faixas ali no podcast.

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Déjà vu

Ainda mergulhado nas águas woodstockianas, não posso deixar de comentar sobre um quarteto que ouvi pra caramba: Crosby, Stills, Nash & Young. Eles também passaram por Woodstock cantarolando seus rockinhos rurais.

O primeiro disco que eu comprei foi o Déjà vu, gravado em 1970, um ano após o festivo festival. A capa foi inspiração para o disco do trio brasileiro Sá, Rodrix e Guarabira, que abraçou a causa/estilo e nos legou pelo menos dois bons discos (talvez, um dia desses, eu comente sobre isso).

Retornemos ao CSN&Y. As principais característica do quarteto são as vozes bem arranjadas, depois vêm as guitarras com aquela sonoridade tosca e, para mim, o melhor de tudo: a voz de Neil Young. Seu peculiar timbre quase soprano encontra um similar nacional: Beto Guedes (podem conferir).

O disco que vos trago é, para mim, o melhor do grupo. Curto da primeira à última faixa. É um daqueles discos que conseguem um raro nível de equilíbrio em todas as passagens. Lembro-me que elegi Almost cut my hair um hino para minha - na época - ainda basta cabeleira. Eu a deixarei ali no podcast ao lado da crônica musical - Woodstock - composta por Joni Mitchell em homenagem ao histórico evento.

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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Richie Havens

Essa semana woodstockiana fez-me lembrar de uma figura exótica que, com vários dentes ausentes de sua boca, subiu ao palco com seu violão e sapecou algumas canções de protesto. Richie Havens - seu nome permite-nos brincar entre céu e corvos ou com corvos no céu. Negro, voz possante, embalou a multidão com uma apaixonada apresentação. A sua versão de Sometimes I feel like a motherless child (aqui sob o título Freedom) é um dos momentos comoventes daquele histórico evento. Assista aí o filme:


Ao mexer no velho baú, eu encontrei o disco Mixed bag, gravado em 1967. Nesse lp, Havens segue sua verve country/protesto. Vocês poderão ouvir uma boa versão com de Just like a woman (de Dylan). Curiosa também é a versão de Eleanor Rigby, da dupla Lennon e McCartney. Havens engrossa o livro de músicos que engrandecem o cancioneiro pop mais engajado. Ele, Dylan, Baez, Cohen (já postei algo desse canadense), Young formam um time que vale a pena conferir.

Ouçam ali no podcast.

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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Osso da sorte

Creio que talvez esteja em desuso aquele joguinho místico que jogávamos, quando criança, com um osso em formato de V, que sobrava da galinha do domingão. Com o osso seco, pega-se em cada uma das extremidades (duas pessoas participam), deseja-se alguma coisa e puxa-se até que o osso parta. Aquele que ficar com a parte inteira terá o desejo realizado. Não me lembro se algum dos meus desejos se realizaram. Sei que, antes, a disputa pelo ossinho causava uma série de desavenças e normalmente terminava em porradaria. O ossinho deveria ser chamado osso da discórdia e não da "sorte".

Pois não é que em 1975, se não me falha a memória, descobri uma banda justamente com o nome do tal osso: osso do desejo (ou da sorte) - Wishbone Ash (um dos primeiros discos do grupo tem o tal ossinho carbonizado na capa). O disco que eu descolei era o There's the rub. O grupo inglês era formado por Andy Powell (guitarra), Ted Turner (guitarra), Martin Turner (baixo) e Steve Upton (bateria). O som desse lp tem pitadas de folk celta, funk e carregado de guitarras pesadas dobradas, que se revezam em frases ou abrem vozes interessantes. Foram justamente as guitarras que chamaram a minha atenção de imediato. Rock'n'roll melódico mas sem muita pieguice. Posteriormente, eu consegui comprar um lp de 1972, chamado Argus, que foi considerado um dos melhores daquele ano entre as bandas inglesas. Aqui o som tem um lance menos agressivo, com temas bem trabalhados. O disco é agradável.

Depois desses discos, nunca mais ouvi falar da banda, mas, em minhas andanças pela web, encontrei um link com um monte de discos do grupo. A moçada gravou bastante.


Sintam o som ali no podcast.