sexta-feira, 29 de maio de 2009

Blood, Sweat & Tears

O rock'n'roll dos anos sessenta e setenta produziu algumas coisas curiosas. A rapaziada entrava numas de experimentar coisas esquisitas, tipo misturar música erudita e jazz com o pop. Muitas bandas fizeram isso. Uma delas foi a Blood, Sweat & Tears.

Eu tenho um disco cujo título é o nome da banda, lançado em 1969, que é uma suruba danada de sons: erudito, jazz, funk, rock'n'roll. Na faixa Smiling phases, por exemplo, vocês encontrarão um pouco de cada uma dessas coisas. Os meninos não queriam nem saber, mandavam o som. O bom é que o resultado não ficou ruim. Guitarras, naipes de sopros, piano, baixo, batera e vozes funcionaram bem.

O grupo iniciou em 67 e contava com o trompetista Randy Brecker (irmão do Michael), figura de primeira linha do jazz contemporâneo. Mas isso durou pouco. O antigo band leader, Al Kooper, foi defenestrado e, junto, Randy sartou fora. O disco que eu possuo é o segundo, já com outra formação (a liderança ficou por conta de Steve Katz e Bobby Colomby) e com roupagem mais pop, mas ainda com traços do jazz (a inclusão de God bless the child, de Billie Holiday, denuncia isso) e com o erudito: eles brincam com passagens de Erik Satie.

O grande hit desse disco é a canção Spinning wheel, que ajudou o grupo a faturar o Grammy. Vocês poderão curtir os três temas citados ali no podcast.

O link: Here!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Traffic



Quando os pentelhos e sovaquelhos ainda se anunciavam (a molecada, ingênua sobre as irritações da vida, costumava raspar o saco para a pentelhada crescer mais rápido), eu ouvi uma banda riponga por excelência: Traffic. Ouvia porque os mais velhos ouviam - Eu não gostava (e ainda não gosto) da cítara que os músicos dos anos sessenta insistiam em incluir em seus discos, e o Traffic não fugia à regra. Muito chato, aquilo. Chato a kilo. A flauta, outra mania riponga, ainda dava para encarar. Mas isso é efeito da busca pela terra sem males, do nirvana, movido a muito alucinógeno e papo sem pé nem cabeça dos gurus indianos.


Bem, eu ouvi um monte de coisa de Steve Winwood, Dave Mason (o responsável pelas guitarras e - saco! - a tal da cítara que, graças aos céus, não é muito usada), Jim Capaldi e Chris Wood, o quarteto básico que formava a banda que, vez e outra incluia mais uma leva de gente. Esclareço que nem tudo era assim tão chato como eu disse acima. Achava curioso e estranho a predominância de teclados e sax numa banda de rock'n'roll. Hoje, ao reouvi-los, acho-os mais ingênuos (musicalmente) do que a molecada que raspava os pentelhos - ingênuos, mas com uma passionalidade que já não existe mais. Não daquele modo. Hoje, o papo é outro, a paixão tem outra cara... Hmmm..., Alguém há de questionar isso?


Voltemos ao grupo:


Entre os disco que sobreviveram ao tempo e às limpezas da minha estante estão Mr. Fantasy, de 1967, Traffic, de 1968, e Last exit, de 1969, e Heaven is on your mind (também de 1969). Deixarei uma seleção ali no podcast.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Jeff Beck

Um som pesado de verdade: Jeff Beck. Eu fiquei chapado quando ouvi Shapes of things pela primeira vez (Truth, de 1968). O rolo compressor sonoro da banda liderada por Beck propiciou um momento único para a voz rouquenha de Rod Stewart, que, a partir daquele momento, assumiu um lugar no panteão rocker.


A voz de Rod, creio eu, tornou-se um problema para Jeff. O nosso guitar hero (isso é pura especulação minha) parece que entrou numas que deveria tocar para algum mané cantar. Isso durou uma leva de anos, até, pelo que parece, ele se cansar e resolver assumir um som instrumental. Jeff, enfim, em meados dos anos setenta, descobriu que não precisa de cantores - sua guitarra já nos diz tudo o que precisamos saber sobre o bom e velho rock'n'roll.


Foi nesse período que ele lançou dois discos que eu aprecio bastante: Blow by blow (75) e Wired (76), esse mais do que o primeiro. A partir desse momento, Beck mostrou realmente a sua habilidade como músico. A influência do jazz, então, torna-se patente em seu trabalho. O melhor exemplo disso é a fenomenal interpretação de Goodbye Pork Pie hat, a bela homenagem a Lester Young composta pelo baixista Charles Mingus.


Ouçam ali no podcast.


Baixem tudo aqui

quinta-feira, 7 de maio de 2009

White trash

E por falar em funk-soul-gospel-r&b, como esquecer os irmãos brothers Winter? Os dois albinos encarnam a alma negra como poucos. Imagino como isso pode ter repercutido no início de suas carreiras: em um país de acirrados conflitos étnicos, eles adotaram a música negra como eixo de seus trabalhos. Especulemos: albinos são desprezados por ambos, negros e brancos? Talvez os negros achassem isso (lixo branco) da música feita pelos branquelos, e os branquelos poderiam execrar os albinos por tentarem miscigenar música e raça. Enfim, os albinos ficariam no fogo cruzado. Negros albinos, os irmãos Winter são. Bem, deixemos as especulações de lado e vamos ao que interessa: a música (mesmo porque eles venderam milhões de discos). Iniciarei com Edgar Winter. Estou ouvindo White Trash, gravado em 1971. O título é o nome da banda - lixo branco.

Edgar Winter (sax alto, piano, guitarra e voz) fez um disco predominantemente negro. Ali estão doses e mais doses de funk, soul e gospel. A guitarra picada de Radford (outro guitarrista, Rick Derringer, velho parceiro de Edgar, participa de duas faixas), as vozes do coro dando aquela nota gospel, os berros de LaCroix (tenor, voz e co-autor da maioria dos temas), o naipe com quatro sopros quebrando todas barreiras iceberguianas do frio do norte, tudo isso só pode significar uma coisa: o som impõe respeito.

Ouçam ali no podcast.

Link: here!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Tower of Power

Nunca me imaginei tocando saxofone - o lance teria de ser com guitarras distorcidas, pensava. Eu detestava sopros até o dia em que ouvi Tower of Power. Nome mais que apropriado para esse grupo, pois o som por ele gerado é de alta voltagem. Não, eu não gosto de tudo que eles fizeram, mas devo admitir que eles fazem funk como deve ser: com muito balanço.


O grupo é quase uma big band - gente pra caramba no palco: um naipe com cinco sopros de primeiríssima qualidade (com pitadas jazzy nos solos), uma bateria que faz balançar, aquela guitarra picada que povoa a black music, um baixo que é um rolo compressor e um sutil teclado para dar aquele clima motown. Meus amigos, fica difícil não dançar.


O meu primeiro contato com o som grupo foi com o lp Bump City, de 1972. A primeira faixa - You got to funkifize - já demoliu tudo e, como sugere o título, funkeou-me. Nessa faixa, especialmente, o Tower of Power une elementos do blues e do rock'n'roll com o excelente amalgamador funk/soul. Infelizmente, eu não achei nenhum link para divulgar para os navegantes, mas encontrei outros bons discos que bem representam o trabalho da banda.


Deixarei, ali no podcast, uma seleção de momentos diversos do grupo para vocês curtirem.
Alguns links: here and here