quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aretha

O meu post semanal não será tão rock'n'roll. Derraparei para pista do r&b, soul, funk e gospel administrada por uma das vozes mais potentes do universo pop: Aretha Franklin. Sim, eu tenho vários discos da Aretha. Lembro-me, na minha infância, que ela chamou mais a minha atenção do que Michael Jackson. Deste, eu só curtia os desenhos animados.


Trago-lhes dois discos: Lady soul, de 1968, e o Live at Filmore West, de 1971. Em ambos, encontra-se balanço para mais de metro. Ouvir Chain of fools, do primeiro, sem balançar é uma tarefa que considero impossível. Acrescente-se aí Money won't change you, Niki Hoeky e a bluesy ballad Good to me as I am to you e o disco já estaria pago. O melhor é que todas as dez faixas são excelentes.


O disco ao vivo é tão bom quanto Lady soul. Inicia com a pedreira Respect e, a partir daí, a peteca não cai mais. Mesmo as músicas de branco Bridge over trouble water e Eleanor Rigby, imersas no feeling negro, tornam-se puro soul. De quebra, ainda conta com a participação de Ray Charles no hit Spirit in the dark. Pode aumentar o som, afastar as cadeiras e começar a festa.


Ouçam uma seleção ali no podcast.


Links: here & there

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Slade

O primeiro disco do Slade que eu comprei foi aquele de capa vermelha, gravado ao vivo em 1972. Achei um barato como o camarada berrava - parecia que estava sendo esganado. Algum tempo depois, quando ouvi o AC/DC, eu pensei que fosse a mesma banda. Não era. Confundi a voz dos cantores. Era só um clone australiano. A voz do Slade é a de Noddy Holder, que também cuidava da guitarra. Os outros componentes da banda são Dave Hill (guitarra), Jimmy Lea (bass) e Don Powell (drums). Veio-me a curiosidade de saber se a banda ainda existe e, pelo jeito, os dinossauros ainda estão na estrada. Vida longa.


O som do Slade é pesadão mas dançante. Algo puxado para o glam. Só sei que a rapaziada adorava dançar com o som dessa banda. Eu gostava das versões de Born to be wild (Steppenwolf) e Hear me calling (Ten years after) gravadas no disco ao vivo. Outro disco que eu curti muito foi o Slayed?, também gravado em 1972. Esse disco emplacou uma série de sucessos - Mama weer all crazee now (grafado assim mesmo) foi um deles - e deve ter enchido os bolsos da rapaziada. Lá também tem versão maneira de Move over, imortalizada por Janis Joplin.

Dêem uma conferida ali no podcast.

Links: Here & There

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Spooky Tooth

1975.

Eu morava em Colatina, uma cidade do interior do Espírito Santo, à rua Abílio do Santos, 31, quarto andar (sem elevador). No primeiro andar, morava o Menegatti, construtor do prédio (suponho, pois o seu nome era o mesmo que identificava o edifício). Ele, como eu, era chegado no tal roquenrou. Um dia, ele me chamou para escutar uns discos. Babei com a coleção fantástica de lps que desfilou na vitrola. Ele me disse: escolhe um para trocar pelo seu disco do Humble Pie (já postado). Balancei mas não topei. Achei que jamais encontraria outro disco do Humble Pie.

Saí de lá com um som na cabeça. A música era dos Beatles - I am the walrus - mas o intérprete era outro grupo inglês de nome engraçado: Spooky Tooth. A faixa está no disco The last puff, que, depois desse dia, nunca mais vi nem ouvi, até que, ano passado, encontrei o cd do grupo (o mesmo que chamou minha juvenil atenção) num sebo. Arrematei na hora. Reminiscências não podem ser jogadas fora sem a devida revisita.

Essa é uma banda pouquíssimo conhecida aqui na terra brasilis. Lá fora também não recebeu a merecida atenção. Uma banda underrated, pois. O som do grupo é pesado, mas não prima pela agressividade. Alguns comentarista a querem como uma banda de prog rock, com o que eu não concordo. O único trabalho deles que, para mim, tem essa coisa prog é o Ceremony (que eu achei chatinho). Nos discos restantes (achei um monte na web), o som do Spooky Tooth mantém uma saudável homogeneidade chegada pro hard, apesar das alterações sofridas pela banda no decorrer do tempo. Em The last puff, 1970, a formação era Luther Grosvenor - guitarras, Mike Harrison - Vocais e Teclados, Mike Kellie - Batera e Percusão, Chris Stainton - Orgão, Teclados, Piano e Guitarra, Henry McCullough - Guitarras, e Alan Spenner - Baixo, Guitarra.

Deixarei duas no podcast.

O link para a discografia: here

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Lá no início de tudo...

Um certo dia do iniciozinho dos anos setenta, meu irmão mais velho adentrou nossa casa com sua vasta cabeleira e com alguns discos nas mãos. O meu velho pai já havia se dobrado ao costume dos longos cabelos e desistira de expulsá-lo de casa. Estávamos em tempos de paz, para alegria de todos. Pois bem, entre os compactos e lps haviam dois cuja sonoridade achei sui generis. Falarei de um deles (o outro fica para depois).

O primeiro compacto simples (pra quem não sabe, trata-se de um disco de vinil, com uma faixa de cada lado) era do trio de prog rock Emerson, Lake & Palmer. As duas faixas eram From the beginning e Living sin, que fazem parte do lp Trilogy. Eu gostava bastante do modo como Keith Emerson pilotava seus teclados - a sua formação erudita pesou bastante nos caminhos trilhados pelo trio. Considero-o o melhor pianista do universo pop. O som que ele também tirava de seu Hammond tornou-se rapidamente sua assinatura. Quem o ouve uma vez, não deixa de reconhecê-lo na segunda. Aliás, o som do trio tem personalidade própria. Greg Lake, encarregado dos vocais, baixo e guitarras, também é de uma precisão ímpar nesse cenário. Carl Palmer, com sua enorme bateria cheia de peças, parece um rolo compressor.

Deixarei no podcast as duas faixas do compacto e mais outra (The sheriff) que fez bastante sucesso entre os que curtiam o estilo.

O link: here

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bachman-Turner Overdrive

Dançávamos ao som do rock'n'roll.
Isso aconteceu até a segunda metade dos anos setenta, antes de a praia ser invadida pela praga disco. O pior é que eu ajudava um amigo a sonorizar uma boate. Momentos difíceis, aqueles. Não imaginei que pior ficaria - diante do fanqui popozudo, o som disco soa até agradável. Oras, cá estou reclamando como meu pai reclamava - é o tal conflito de gerações.


Um dos grupos que embalou as minhas dançantes noites foi o BTO, aka Bachman-Turner Overdrive. O grupo mistura o som da roça (country) com o barulho do asfalto e das grandes cidades. Seus maiores sucessos portam uma fórmula bastante pop, com aquela pulsação básica da bateria (acentuando todos os tempos TUM-TUM-TUM-TUM, ou forte/fraco TUM-tum), guitarras distorcidas e voz rouca vociferando as letras que versam sobre as tramas urbanóides ou conflitos amorosos. E nós, lá, balançando a cabeça e todo o esqueleto e fazendo versões beligerantes (que, na época, ficava só no discurso). Assim, "Hold back the water" virava "Vou dar porrada". Outro sucesso que segue a mesma linha: Takin' care of business. Um teminha curioso é Blue collar, do disco BTO I. Sua estrutura não é lá muito pop, diria até que tem uma pitada jazzy (lá pelas tantas rola um walkin' bass e o solo de guitarra é sem distorção, abusando das escalas).


Aumenta o volume que isso aí é rock'n'roll.


Links: here & there