Dançávamos ao som do rock'n'roll.
Isso aconteceu até a segunda metade dos anos setenta, antes de a praia ser invadida pela praga disco. O pior é que eu ajudava um amigo a sonorizar uma boate. Momentos difíceis, aqueles. Não imaginei que pior ficaria - diante do fanqui popozudo, o som disco soa até agradável. Oras, cá estou reclamando como meu pai reclamava - é o tal conflito de gerações.
Um dos grupos que embalou as minhas dançantes noites foi o BTO, aka Bachman-Turner Overdrive. O grupo mistura o som da roça (country) com o barulho do asfalto e das grandes cidades. Seus maiores sucessos portam uma fórmula bastante pop, com aquela pulsação básica da bateria (acentuando todos os tempos TUM-TUM-TUM-TUM, ou forte/fraco TUM-tum), guitarras distorcidas e voz rouca vociferando as letras que versam sobre as tramas urbanóides ou conflitos amorosos. E nós, lá, balançando a cabeça e todo o esqueleto e fazendo versões beligerantes (que, na época, ficava só no discurso). Assim, "Hold back the water" virava "Vou dar porrada". Outro sucesso que segue a mesma linha: Takin' care of business. Um teminha curioso é Blue collar, do disco BTO I. Sua estrutura não é lá muito pop, diria até que tem uma pitada jazzy (lá pelas tantas rola um walkin' bass e o solo de guitarra é sem distorção, abusando das escalas).
Aumenta o volume que isso aí é rock'n'roll.
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