domingo, 25 de outubro de 2009

Blue Cheer

Dias desses, estava eu passeando pela rede quando deparei-me com um vídeo de um grupo do qual eu já havia me esquecido: Blue Cheer (foi num blog amigo que, diabos, esqueci o nome). No vídeo, eles interpretavam um dos temas de rock'n'roll que eu mais curto: Summertime blues (também foi gravado pelo grupo The Who, aqui postado).

O disco que eu possuía era justamente o que trazia esse tema na faixa 1 do lado A. O nome da obra-prima: Vincebus Eruptum, gravado em 1968. O power trio norte americano reunia Leigh Stephens (guitarra), Dick Peterson (baixo e voz) e Paul Whaley (bateria). A curiosidade maior (pelo menos para mim) é que eles gravaram um tema - Parchman farm - do pianista de jazz Mose Allison, que compôs alguns blues bastante interessantes. O som é pesadaço, como deve ser.

Deixarei duas faixas ali no podcast.

O link: here

domingo, 18 de outubro de 2009

Lynyrd Skynyrd

Volto ao esplêndido berço. Pensei em abandonar a tarefa de administrar esse blog - sinto-me velho demais para o rock'n'roll, mas, pensei (lembrando de um antigo disco), ainda estou jovem para morrer. Aumentem o volume, pois.


Não me lembro qual foi o primeiro lp do Lynyrd Skynyrd que eu comprei. Na verdade, eu tive dois. Logo depois, a banda desapareceu em um acidente com avião. Não sei se eles fizeram mais do que isso. O som da rapaziada é caracteristicamente sulista: aquela mistura country, blues e rock'n'roll. Muitas guitarras e riffs bem cuidados logo conquistaram o público dos anos setenta. O sucesso mais conhecido é Sweet home Alabama, uma citação do hit Sweet home Chicago, de Robert Johnson. Creio que existe um documentário sobre o grupo - Free bird - cujo título é um sucesso gravado postumamente.


Sem mais delongas, curtam alguma coisa ali no podcast.


Encontrei uma caixa (com tudo do grupo) na rede. O link: Avax

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Frank Zappa

Meu computador foi atropelado por uma virose que algum espírito de porco se encarregou de criar. Daí a demora para um novo post. Demora que será recompensada pela presença de um dos músicos mais criativos do universo pop: Frank Zappa.

Lembro-me que comprei um fita k7, em meados dos anos setenta, de um show no Filmore (não me lembro se east ou west). O show pareceu-me bastante teatral, performático, com muito texto carregado de ironias sobre o american way of life. Ligando a verborragia estava uma banda de primeira linha, pouco comum para o universo pop. Curti bastante essa fita.

Já no final dos setenta, eu encontrei um disco muito doido: Grand Wazoo (de 1972). A banda é enorme: 21 músicos passeiam por temas sempre delirantes, mesclando jazz e rock'n'roll. O exército montado, de acordo com o divertido encarte, visa enfrentar as hordas da mediocridade que ameaçam a vida de todos. Viagem das boas.

Ouçam ali no podcast.

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domingo, 30 de agosto de 2009

How the west was won


O meu cinqüentenário foi bem comemorado. Na terça passada, participei de uma das melhores sessões de jazz dos últimos tempos (pelo menos para mim). Na quinta, toquei um pouco de blues com a moçada do Sunrise (grupo de Vitória). No sábado, fui assistir Thales e seus amigos tocarem músicas do Led Zeppelin (foto dir.) no teachers pub. Tudo regado com vários tipos de uvas de diversas partes do mundo e, vez e outra, culminando em bons momentos em boa e doce companhia. Para encerrar, hoje, daqui a pouco, irei à casa do meu amigo Danilo tocar um pouco de mpb. Mesmo assim, lá longe no horizonte da alma, acena-me uma leve melancolia. Tá bom não, muquirana? Sim, sim, o problema é: quando acontecerá de novo? Nunca mais. Como nesse blog, o que resta são reminiscências.
Parece que não há mais surpresas no mundinho cão. Surpresa, espanto mesmo, como aquela que tive quando deparei-me com outro compacto simples que meu irmão mais velho trouxe da capital. O som da afiada e aguda voz em companhia de uma guitarra lancinante, mais um baixo e uma bateria que troavam como as patas dos cavalos das hordas apocalípticas. Aquele som mais pesado que chumbo me fez flutuar: Led Zeppelin. No disco, de um lado tinha Black dog, do outro Rock'n'roll. Creio que foi aí que meus pentelhos e meus cabelos começaram a crescer.

Led Zeppelin seria o primeiro post para esse blog. Aguardei uma cópia do disco que Bernardo me apresentou durante uma sessão de bons vinhos em sua casa: How the west was won, gravado ao vivo, em 1972, quando a banda estava em seu auge. Esse disco me agradou bastante e foi inspiração direta para iniciar os trabalhos aqui nesse sítio. As versões dos clássicos zeppelinianos estão irrepreensíveis, com uma pegada forte como há muito não ouvia. O disco não veio. Continuei esperando até não poder mais adiar. Enfim, consegui encontrar o danado na rede e deixarei aí para vocês se esbaldarem.

Ouçam ali no podcast.

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domingo, 23 de agosto de 2009

Os vikings chegaram!!! Os vikings chegaram!!!

"Como se pronuncia os nomes desses caras?" - essa foi a primeira coisa que veio à minha cabeça ante a chapação causada pela audição do disco Moving waves, de 1971. Os músicos eram Thijs van Leer, Jan Akkerman, Cyriel Havermans e Pierre Van der Linden. O grupo era o Focus. Os vikings, enfim, estavam invadindo a minha praia.

Agradou-me o lirismo da flauta pilotada por van Leer (confiram em Janis), que, em contraponto com a guitarra de Akkerman e com a cozinha, resultou num som envolvente e forte. Divertidíssima é Hocus pocus, hit avassalador desse disco. Em Focus II, a guitarra de Jan Akkerman é o carro chefe - límpida e afiada como uma navalha. O lado b do lp é dominado por uma, digamos, suíte intitulada Eruption. Nela, o pedal de volume da guitarra, na introdução, produz um som que se casa perfeitamente com o órgão (aos cuidados de van Leer) - aqui o som está bem próximo daquele produzido pelo trio Emerson, Lake & Palmer. Todos os movimentos dessa peça são bem articulados, mostrando a grande coesão musical do grupo.

Ouçam duas faixas ali no podcast.

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Déjà vu

Ainda mergulhado nas águas woodstockianas, não posso deixar de comentar sobre um quarteto que ouvi pra caramba: Crosby, Stills, Nash & Young. Eles também passaram por Woodstock cantarolando seus rockinhos rurais.

O primeiro disco que eu comprei foi o Déjà vu, gravado em 1970, um ano após o festivo festival. A capa foi inspiração para o disco do trio brasileiro Sá, Rodrix e Guarabira, que abraçou a causa/estilo e nos legou pelo menos dois bons discos (talvez, um dia desses, eu comente sobre isso).

Retornemos ao CSN&Y. As principais característica do quarteto são as vozes bem arranjadas, depois vêm as guitarras com aquela sonoridade tosca e, para mim, o melhor de tudo: a voz de Neil Young. Seu peculiar timbre quase soprano encontra um similar nacional: Beto Guedes (podem conferir).

O disco que vos trago é, para mim, o melhor do grupo. Curto da primeira à última faixa. É um daqueles discos que conseguem um raro nível de equilíbrio em todas as passagens. Lembro-me que elegi Almost cut my hair um hino para minha - na época - ainda basta cabeleira. Eu a deixarei ali no podcast ao lado da crônica musical - Woodstock - composta por Joni Mitchell em homenagem ao histórico evento.

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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Richie Havens

Essa semana woodstockiana fez-me lembrar de uma figura exótica que, com vários dentes ausentes de sua boca, subiu ao palco com seu violão e sapecou algumas canções de protesto. Richie Havens - seu nome permite-nos brincar entre céu e corvos ou com corvos no céu. Negro, voz possante, embalou a multidão com uma apaixonada apresentação. A sua versão de Sometimes I feel like a motherless child (aqui sob o título Freedom) é um dos momentos comoventes daquele histórico evento. Assista aí o filme:


Ao mexer no velho baú, eu encontrei o disco Mixed bag, gravado em 1967. Nesse lp, Havens segue sua verve country/protesto. Vocês poderão ouvir uma boa versão com de Just like a woman (de Dylan). Curiosa também é a versão de Eleanor Rigby, da dupla Lennon e McCartney. Havens engrossa o livro de músicos que engrandecem o cancioneiro pop mais engajado. Ele, Dylan, Baez, Cohen (já postei algo desse canadense), Young formam um time que vale a pena conferir.

Ouçam ali no podcast.

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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Osso da sorte

Creio que talvez esteja em desuso aquele joguinho místico que jogávamos, quando criança, com um osso em formato de V, que sobrava da galinha do domingão. Com o osso seco, pega-se em cada uma das extremidades (duas pessoas participam), deseja-se alguma coisa e puxa-se até que o osso parta. Aquele que ficar com a parte inteira terá o desejo realizado. Não me lembro se algum dos meus desejos se realizaram. Sei que, antes, a disputa pelo ossinho causava uma série de desavenças e normalmente terminava em porradaria. O ossinho deveria ser chamado osso da discórdia e não da "sorte".

Pois não é que em 1975, se não me falha a memória, descobri uma banda justamente com o nome do tal osso: osso do desejo (ou da sorte) - Wishbone Ash (um dos primeiros discos do grupo tem o tal ossinho carbonizado na capa). O disco que eu descolei era o There's the rub. O grupo inglês era formado por Andy Powell (guitarra), Ted Turner (guitarra), Martin Turner (baixo) e Steve Upton (bateria). O som desse lp tem pitadas de folk celta, funk e carregado de guitarras pesadas dobradas, que se revezam em frases ou abrem vozes interessantes. Foram justamente as guitarras que chamaram a minha atenção de imediato. Rock'n'roll melódico mas sem muita pieguice. Posteriormente, eu consegui comprar um lp de 1972, chamado Argus, que foi considerado um dos melhores daquele ano entre as bandas inglesas. Aqui o som tem um lance menos agressivo, com temas bem trabalhados. O disco é agradável.

Depois desses discos, nunca mais ouvi falar da banda, mas, em minhas andanças pela web, encontrei um link com um monte de discos do grupo. A moçada gravou bastante.


Sintam o som ali no podcast.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aretha

O meu post semanal não será tão rock'n'roll. Derraparei para pista do r&b, soul, funk e gospel administrada por uma das vozes mais potentes do universo pop: Aretha Franklin. Sim, eu tenho vários discos da Aretha. Lembro-me, na minha infância, que ela chamou mais a minha atenção do que Michael Jackson. Deste, eu só curtia os desenhos animados.


Trago-lhes dois discos: Lady soul, de 1968, e o Live at Filmore West, de 1971. Em ambos, encontra-se balanço para mais de metro. Ouvir Chain of fools, do primeiro, sem balançar é uma tarefa que considero impossível. Acrescente-se aí Money won't change you, Niki Hoeky e a bluesy ballad Good to me as I am to you e o disco já estaria pago. O melhor é que todas as dez faixas são excelentes.


O disco ao vivo é tão bom quanto Lady soul. Inicia com a pedreira Respect e, a partir daí, a peteca não cai mais. Mesmo as músicas de branco Bridge over trouble water e Eleanor Rigby, imersas no feeling negro, tornam-se puro soul. De quebra, ainda conta com a participação de Ray Charles no hit Spirit in the dark. Pode aumentar o som, afastar as cadeiras e começar a festa.


Ouçam uma seleção ali no podcast.


Links: here & there

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Slade

O primeiro disco do Slade que eu comprei foi aquele de capa vermelha, gravado ao vivo em 1972. Achei um barato como o camarada berrava - parecia que estava sendo esganado. Algum tempo depois, quando ouvi o AC/DC, eu pensei que fosse a mesma banda. Não era. Confundi a voz dos cantores. Era só um clone australiano. A voz do Slade é a de Noddy Holder, que também cuidava da guitarra. Os outros componentes da banda são Dave Hill (guitarra), Jimmy Lea (bass) e Don Powell (drums). Veio-me a curiosidade de saber se a banda ainda existe e, pelo jeito, os dinossauros ainda estão na estrada. Vida longa.


O som do Slade é pesadão mas dançante. Algo puxado para o glam. Só sei que a rapaziada adorava dançar com o som dessa banda. Eu gostava das versões de Born to be wild (Steppenwolf) e Hear me calling (Ten years after) gravadas no disco ao vivo. Outro disco que eu curti muito foi o Slayed?, também gravado em 1972. Esse disco emplacou uma série de sucessos - Mama weer all crazee now (grafado assim mesmo) foi um deles - e deve ter enchido os bolsos da rapaziada. Lá também tem versão maneira de Move over, imortalizada por Janis Joplin.

Dêem uma conferida ali no podcast.

Links: Here & There

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Spooky Tooth

1975.

Eu morava em Colatina, uma cidade do interior do Espírito Santo, à rua Abílio do Santos, 31, quarto andar (sem elevador). No primeiro andar, morava o Menegatti, construtor do prédio (suponho, pois o seu nome era o mesmo que identificava o edifício). Ele, como eu, era chegado no tal roquenrou. Um dia, ele me chamou para escutar uns discos. Babei com a coleção fantástica de lps que desfilou na vitrola. Ele me disse: escolhe um para trocar pelo seu disco do Humble Pie (já postado). Balancei mas não topei. Achei que jamais encontraria outro disco do Humble Pie.

Saí de lá com um som na cabeça. A música era dos Beatles - I am the walrus - mas o intérprete era outro grupo inglês de nome engraçado: Spooky Tooth. A faixa está no disco The last puff, que, depois desse dia, nunca mais vi nem ouvi, até que, ano passado, encontrei o cd do grupo (o mesmo que chamou minha juvenil atenção) num sebo. Arrematei na hora. Reminiscências não podem ser jogadas fora sem a devida revisita.

Essa é uma banda pouquíssimo conhecida aqui na terra brasilis. Lá fora também não recebeu a merecida atenção. Uma banda underrated, pois. O som do grupo é pesado, mas não prima pela agressividade. Alguns comentarista a querem como uma banda de prog rock, com o que eu não concordo. O único trabalho deles que, para mim, tem essa coisa prog é o Ceremony (que eu achei chatinho). Nos discos restantes (achei um monte na web), o som do Spooky Tooth mantém uma saudável homogeneidade chegada pro hard, apesar das alterações sofridas pela banda no decorrer do tempo. Em The last puff, 1970, a formação era Luther Grosvenor - guitarras, Mike Harrison - Vocais e Teclados, Mike Kellie - Batera e Percusão, Chris Stainton - Orgão, Teclados, Piano e Guitarra, Henry McCullough - Guitarras, e Alan Spenner - Baixo, Guitarra.

Deixarei duas no podcast.

O link para a discografia: here

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Lá no início de tudo...

Um certo dia do iniciozinho dos anos setenta, meu irmão mais velho adentrou nossa casa com sua vasta cabeleira e com alguns discos nas mãos. O meu velho pai já havia se dobrado ao costume dos longos cabelos e desistira de expulsá-lo de casa. Estávamos em tempos de paz, para alegria de todos. Pois bem, entre os compactos e lps haviam dois cuja sonoridade achei sui generis. Falarei de um deles (o outro fica para depois).

O primeiro compacto simples (pra quem não sabe, trata-se de um disco de vinil, com uma faixa de cada lado) era do trio de prog rock Emerson, Lake & Palmer. As duas faixas eram From the beginning e Living sin, que fazem parte do lp Trilogy. Eu gostava bastante do modo como Keith Emerson pilotava seus teclados - a sua formação erudita pesou bastante nos caminhos trilhados pelo trio. Considero-o o melhor pianista do universo pop. O som que ele também tirava de seu Hammond tornou-se rapidamente sua assinatura. Quem o ouve uma vez, não deixa de reconhecê-lo na segunda. Aliás, o som do trio tem personalidade própria. Greg Lake, encarregado dos vocais, baixo e guitarras, também é de uma precisão ímpar nesse cenário. Carl Palmer, com sua enorme bateria cheia de peças, parece um rolo compressor.

Deixarei no podcast as duas faixas do compacto e mais outra (The sheriff) que fez bastante sucesso entre os que curtiam o estilo.

O link: here

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bachman-Turner Overdrive

Dançávamos ao som do rock'n'roll.
Isso aconteceu até a segunda metade dos anos setenta, antes de a praia ser invadida pela praga disco. O pior é que eu ajudava um amigo a sonorizar uma boate. Momentos difíceis, aqueles. Não imaginei que pior ficaria - diante do fanqui popozudo, o som disco soa até agradável. Oras, cá estou reclamando como meu pai reclamava - é o tal conflito de gerações.


Um dos grupos que embalou as minhas dançantes noites foi o BTO, aka Bachman-Turner Overdrive. O grupo mistura o som da roça (country) com o barulho do asfalto e das grandes cidades. Seus maiores sucessos portam uma fórmula bastante pop, com aquela pulsação básica da bateria (acentuando todos os tempos TUM-TUM-TUM-TUM, ou forte/fraco TUM-tum), guitarras distorcidas e voz rouca vociferando as letras que versam sobre as tramas urbanóides ou conflitos amorosos. E nós, lá, balançando a cabeça e todo o esqueleto e fazendo versões beligerantes (que, na época, ficava só no discurso). Assim, "Hold back the water" virava "Vou dar porrada". Outro sucesso que segue a mesma linha: Takin' care of business. Um teminha curioso é Blue collar, do disco BTO I. Sua estrutura não é lá muito pop, diria até que tem uma pitada jazzy (lá pelas tantas rola um walkin' bass e o solo de guitarra é sem distorção, abusando das escalas).


Aumenta o volume que isso aí é rock'n'roll.


Links: here & there

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Three Man Army




Retorno ao velho rock'n'roll para apresentar-lhes mais uma banda de breve vida: Three man army, power trio inglês mais conhecido na cena underground. O grupo era formado basicamente pelos irmãos brothers Adrian e Paul Gurvitz (g, v & b) e mais bateristas - foram vários que por ali passaram. O primeiro disco, A third of life time (1971), contou com o baterista Mike Kellie, ex- Spooky Tooth (banda que merecerá post em breve) e com o auxílio luxuoso de Buddy Miles, que encarou baixo, bateria e órgão.


O grupo ainda lançou uns três discos, sem alcançar grande sucesso de público (apesar do reconhecimento pela crítica por suas performances ao vivo). Eu tenho Three Army II (1974) e Mahesha (1971), discos de sonoridade interessante, com bons solos de guitarra, base precisa e bateria voluptuosa (como deve ser em power trios) pilotada por Tony Newman, que já trabalhara com Jeff Beck e David Bowie. Dizem por aí que o fracasso de público levou a banda ao fim, mas os irmãos brothers prosseguiram fazendo som com o grande Ginger Baker, mas isso é história para outro post.

Ouçam ali no podcast.

Links: Here & There

sábado, 20 de junho de 2009

Acende um Camel aí

Ouvir rock'n'roll é, para mim, remexer o baú da memória. O som "progressivo" do Pink Floyd fez-me lembrar de vários outros grupos que povoaram minha discoteca durante algum tempo. Um deles foi o Camel, banda inglesa que conheci na segunda metade dos anos setenta. É uma banda underrated, pouco conhecida do grande público.



De fato, a sua importância para mim é menos musical do que sentimental. O disco Moon madness não é melhor do que outras do gênero, acho até que, nesse disco, a pretensão ultrapassa o resultado final. São temas que, como outros, seguem aquela estrutura erudita (suítes) de vários movimentos com alterações rítmicas e coisa e tal (coisa que alguns metaleiros também fazem). Tudo no disco é de muito fácil digestão (o que não deixa de ser bom): harmonias, melodias e rítmos, Mas, como já disse, o que valeu para mim foi o aspecto sentimental: namoradinha nova e cheio de lirismo, fui presa fácil para as baladinhas defendidas pelo guitarrista e flutista Andy Latimer mais o baterista Andy Ward, o baixista Doug Ferguson e o tecladista Peter Bardens.


Comovido e envolvido pela juvenil paixão, acabei comprando o lp anterior, The snow goose, o terceiro do grupo e considerado pelos aficcionados como o melhor produzido pelo Camel. O disco foi inspirado no conto de mesmo título escrito por Paul Gallico, em 1941. Destaque-se que também nesse disco o grupo não é excessivamente cerebral. O resultado é interessante e, acredito eu, agradará os chegados no prog rock.


Ouçam ali no podcast.


Links: Here & There

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Meddle


Titubeei antes de entrar na seara do tal "rock progressivo". Ouvi pouco disso. Comecei com o disco The dark side of the moon, do Pink Floyd. Aquele monte de efeitos sonoros arrebatou meu ingênuo e infantil coração. Mas o disco que eu curti mesmo foi outro. Pouco badalado, até. Não, não é nada do período do malucão Syd Barret. Em seu lugar, a guitarra que soava era a de David Gilmour, firmando-se como uma nova liderança do grupo.

O disco que me seduziu foi Meddle, de 1971. Gosto de quase tudo ali: da melodias, do timbre da guitarra, das letras - curto bastante o clima jazzy, bon vivant & blasée de San Tropez. Aliás, esse tema é um dos que eu gostaria de tocar com meus amigos jazzistas. O que dizer do contraponto feito pelo cão em Seamus? Eis um blues bom pra cachorro. Echoes, faixa tão longa que se divide em duas, é uma viagem e tanto (na edição que eu fiz para postar no podcast, limei algumas passagens "puro efeito" - perdoem-me os fãs). Esse é um dos lps que eu ouvi até furar.

Ouçam uma versão reduzida de Echoes e San Tropez ali no podcast

Link: Here

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Blood, Sweat & Tears

O rock'n'roll dos anos sessenta e setenta produziu algumas coisas curiosas. A rapaziada entrava numas de experimentar coisas esquisitas, tipo misturar música erudita e jazz com o pop. Muitas bandas fizeram isso. Uma delas foi a Blood, Sweat & Tears.

Eu tenho um disco cujo título é o nome da banda, lançado em 1969, que é uma suruba danada de sons: erudito, jazz, funk, rock'n'roll. Na faixa Smiling phases, por exemplo, vocês encontrarão um pouco de cada uma dessas coisas. Os meninos não queriam nem saber, mandavam o som. O bom é que o resultado não ficou ruim. Guitarras, naipes de sopros, piano, baixo, batera e vozes funcionaram bem.

O grupo iniciou em 67 e contava com o trompetista Randy Brecker (irmão do Michael), figura de primeira linha do jazz contemporâneo. Mas isso durou pouco. O antigo band leader, Al Kooper, foi defenestrado e, junto, Randy sartou fora. O disco que eu possuo é o segundo, já com outra formação (a liderança ficou por conta de Steve Katz e Bobby Colomby) e com roupagem mais pop, mas ainda com traços do jazz (a inclusão de God bless the child, de Billie Holiday, denuncia isso) e com o erudito: eles brincam com passagens de Erik Satie.

O grande hit desse disco é a canção Spinning wheel, que ajudou o grupo a faturar o Grammy. Vocês poderão curtir os três temas citados ali no podcast.

O link: Here!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Traffic



Quando os pentelhos e sovaquelhos ainda se anunciavam (a molecada, ingênua sobre as irritações da vida, costumava raspar o saco para a pentelhada crescer mais rápido), eu ouvi uma banda riponga por excelência: Traffic. Ouvia porque os mais velhos ouviam - Eu não gostava (e ainda não gosto) da cítara que os músicos dos anos sessenta insistiam em incluir em seus discos, e o Traffic não fugia à regra. Muito chato, aquilo. Chato a kilo. A flauta, outra mania riponga, ainda dava para encarar. Mas isso é efeito da busca pela terra sem males, do nirvana, movido a muito alucinógeno e papo sem pé nem cabeça dos gurus indianos.


Bem, eu ouvi um monte de coisa de Steve Winwood, Dave Mason (o responsável pelas guitarras e - saco! - a tal da cítara que, graças aos céus, não é muito usada), Jim Capaldi e Chris Wood, o quarteto básico que formava a banda que, vez e outra incluia mais uma leva de gente. Esclareço que nem tudo era assim tão chato como eu disse acima. Achava curioso e estranho a predominância de teclados e sax numa banda de rock'n'roll. Hoje, ao reouvi-los, acho-os mais ingênuos (musicalmente) do que a molecada que raspava os pentelhos - ingênuos, mas com uma passionalidade que já não existe mais. Não daquele modo. Hoje, o papo é outro, a paixão tem outra cara... Hmmm..., Alguém há de questionar isso?


Voltemos ao grupo:


Entre os disco que sobreviveram ao tempo e às limpezas da minha estante estão Mr. Fantasy, de 1967, Traffic, de 1968, e Last exit, de 1969, e Heaven is on your mind (também de 1969). Deixarei uma seleção ali no podcast.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Jeff Beck

Um som pesado de verdade: Jeff Beck. Eu fiquei chapado quando ouvi Shapes of things pela primeira vez (Truth, de 1968). O rolo compressor sonoro da banda liderada por Beck propiciou um momento único para a voz rouquenha de Rod Stewart, que, a partir daquele momento, assumiu um lugar no panteão rocker.


A voz de Rod, creio eu, tornou-se um problema para Jeff. O nosso guitar hero (isso é pura especulação minha) parece que entrou numas que deveria tocar para algum mané cantar. Isso durou uma leva de anos, até, pelo que parece, ele se cansar e resolver assumir um som instrumental. Jeff, enfim, em meados dos anos setenta, descobriu que não precisa de cantores - sua guitarra já nos diz tudo o que precisamos saber sobre o bom e velho rock'n'roll.


Foi nesse período que ele lançou dois discos que eu aprecio bastante: Blow by blow (75) e Wired (76), esse mais do que o primeiro. A partir desse momento, Beck mostrou realmente a sua habilidade como músico. A influência do jazz, então, torna-se patente em seu trabalho. O melhor exemplo disso é a fenomenal interpretação de Goodbye Pork Pie hat, a bela homenagem a Lester Young composta pelo baixista Charles Mingus.


Ouçam ali no podcast.


Baixem tudo aqui

quinta-feira, 7 de maio de 2009

White trash

E por falar em funk-soul-gospel-r&b, como esquecer os irmãos brothers Winter? Os dois albinos encarnam a alma negra como poucos. Imagino como isso pode ter repercutido no início de suas carreiras: em um país de acirrados conflitos étnicos, eles adotaram a música negra como eixo de seus trabalhos. Especulemos: albinos são desprezados por ambos, negros e brancos? Talvez os negros achassem isso (lixo branco) da música feita pelos branquelos, e os branquelos poderiam execrar os albinos por tentarem miscigenar música e raça. Enfim, os albinos ficariam no fogo cruzado. Negros albinos, os irmãos Winter são. Bem, deixemos as especulações de lado e vamos ao que interessa: a música (mesmo porque eles venderam milhões de discos). Iniciarei com Edgar Winter. Estou ouvindo White Trash, gravado em 1971. O título é o nome da banda - lixo branco.

Edgar Winter (sax alto, piano, guitarra e voz) fez um disco predominantemente negro. Ali estão doses e mais doses de funk, soul e gospel. A guitarra picada de Radford (outro guitarrista, Rick Derringer, velho parceiro de Edgar, participa de duas faixas), as vozes do coro dando aquela nota gospel, os berros de LaCroix (tenor, voz e co-autor da maioria dos temas), o naipe com quatro sopros quebrando todas barreiras iceberguianas do frio do norte, tudo isso só pode significar uma coisa: o som impõe respeito.

Ouçam ali no podcast.

Link: here!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Tower of Power

Nunca me imaginei tocando saxofone - o lance teria de ser com guitarras distorcidas, pensava. Eu detestava sopros até o dia em que ouvi Tower of Power. Nome mais que apropriado para esse grupo, pois o som por ele gerado é de alta voltagem. Não, eu não gosto de tudo que eles fizeram, mas devo admitir que eles fazem funk como deve ser: com muito balanço.


O grupo é quase uma big band - gente pra caramba no palco: um naipe com cinco sopros de primeiríssima qualidade (com pitadas jazzy nos solos), uma bateria que faz balançar, aquela guitarra picada que povoa a black music, um baixo que é um rolo compressor e um sutil teclado para dar aquele clima motown. Meus amigos, fica difícil não dançar.


O meu primeiro contato com o som grupo foi com o lp Bump City, de 1972. A primeira faixa - You got to funkifize - já demoliu tudo e, como sugere o título, funkeou-me. Nessa faixa, especialmente, o Tower of Power une elementos do blues e do rock'n'roll com o excelente amalgamador funk/soul. Infelizmente, eu não achei nenhum link para divulgar para os navegantes, mas encontrei outros bons discos que bem representam o trabalho da banda.


Deixarei, ali no podcast, uma seleção de momentos diversos do grupo para vocês curtirem.
Alguns links: here and here

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Free

Eu conheci a banda Free, mais uma inglesinha blues-rock, quando ela já estava encerrando as atividades. O lp que eu comprei - Heartbreaker (1973)- não me agradava completamente (achei muito melacueca), mas, curioso, saí à cata de mais alguma coisa. Encontrei dois que têm uma pegada mais hard: Tons of Sob, gravado em 1968 (a versão em cd tem várias faixas extras), e o Live, de 1971 (esse deapareceu, mas eu achei um cd numa lojinha). O disco de maior sucesso, Fire & water, de 1970, não consegui até hoje. Se encontrar, postarei aqui no blog.


O grupo era liderado por Paul Rodgers, vocalista (ao fim da banda, ele criou a Bad Company, com sonoridade similar ao Free; atualmente, ele está substituindo Fred Mercury no grupo Queen) e pelo falecido e maluco guitarrista Paul Kossof (gostei bastante do timbre da guitarra, mas as drogas acabaram com o cara - não se aguentava em pé durante os shows). A piração de Kossof, dizem, culminou com o fim da banda. O som pesado do Free agora é só história e estórias. A formação original contava com, além dos citados, Andy Fraser (baixo) e Simon Kirke (bateria).


Ouçam a seleção dos três discos citados (All right now foi originalmente gravada no disco Fire & water) .


Links: Here

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Canned Heat

A trilha sonora dos anos sessenta teve muito de blues. Os ripongas branquelos encontraram na linguagem negra uma estética apropriada para os ajudarem a falar de suas andanças, seus atropelos, sobre sexo, drogas e morte. O grupo Canned Heat é um dos que não se furtaram a mergulhar nas águas turvas do blues. O resultado de seus trabalhos trazem boas pinceladas desse estilo, gerando um mix interessante.


Canned Heat era um grupo super conceituado na época - e ainda o é para os saudosistas. Descolei para vocês, caros visitantes, o cd Livin' the blues, gravado em 1968. O time era formado por (reparem os apelidos das crianças) Bob "Bear" Hite (voz - fundador do grupo, morreu em 1981), Alan "Blind Owl" Wilson (Slide Guitar, voz e Harmonica - outro fundador, morreu em 1971 em circunstância obscura), Henry "The Sunflower" Vestine (lead guitar - ainda vivo e membro da banda), Larry "The Mole" Taylor (baixo) e o folclórico Fito de la Parra (bateria - que sobreviveu e se mantém como band leader). Colaboraram com o trabalho figurinhas como Dr. John, John Mayall e Joe Sample.


O grande sucesso desse disco foi o tema Goin' up the country (de Blind Owl), mas você encontrará outras coisas interessantes e/ou bizarras, como é o caso da psicodélica Parthenogenesis (com quase 20 minutos). No disco dois, vocês encontrarão duas grandes jams intituladas Refried boogie I e II.


Curtam ali no podcast.


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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Gentle Giant

Senhoras e senhores, ladies and gentlemen, anuncio-lhes, com prazer, que esse blog passa a contar com a colaboração do jovem João Paulo Oleare, filho de Don Oleare, em assuntos roqueiros diversos. A sua primeira colaboração é sobre uma banda que o vizinho Sérgio Sônico muito admira: Gentle Giant. Vamos ao que interessa:


O Gentle Giant é uma banda inglesa que surgiu em 1970, capitaneada pelos irmãos Shulman (Phil, Derek e Ray). Ao contrário da maioria das bandas do rock progressivo, uma música quase albina de tão branca, o GG não se avexava em incorporar ritmos negros (notadamente, o funk).

Isso, com certeza, contou pontos favoráveis pra banda, que conseguiu certo destaque. Fora as já citadas influências de música negra, um vocalista meio amalucado que não resistia à chance de dar uns gritos, guitarras mais altas do que o costume no prog e mudanças de ritmo garantem a alegria de quem quer ouvir rock progressivo não-sacal.

Essa faixa, Cogs In Cogs, é do disco The Power And The Glory, de 1974.

O link: Here!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Jack Bruce

Só faltava Jack Bruce. O baixista, logo após o fim do Cream, optou por fazer um disco solo: Songs for a tailor. O título, pelo que diz o encarte, é uma suposta homenagem à estilista preferida dos roqueiros, Genie the Tailor, que havia morrido em um acidente de automóvel. O que importa mesmo é que, quando a gente ouve o trabalho do cara, torna-se claro que ele é o mais musical entre os membros do ex-trio.

Jack mostra sua face de multi-instrumentista e encara piano, órgão, baixo, cello, guitarra com boa desenvoltura. Mas não é só isso: o mais interessante é observar como ele trafega pela música unindo estilos (trafega do jazz ao rock com fluidez) e forjando uma dicção especial. Jack Bruce mostra sua versatilidade como compositor e músico desde a primeira faixa - Never tell your mother she's out of tune -, na qual predomina uma forte levada funk (com um naipe de quatro sopros), passando por uma outra - Tickets to Water Falls - que bem poderia fazer parte do repertório do Yes. Outra faixa que muito me agradou foi a explícita e balançada homenagem a James Brown em The ministry of bag. Essas três faixas já pagariam o disco, mas tem muito mais.

Destaque-se a participação, na faixa Never tell..., do guitarrista de estranho nome L'Angelo Misterioso, que era também conhecido pelo nome George Harrison. Pois é, sabe-se que Harrison quando queria tocar de verdade ia se reunir com seus amigos do Cream.

Deixarei duas faixas no podcast

O link: Here!

sábado, 18 de abril de 2009

Ginger Baker

O cisma ocorrido no Cream, como vimos no post anterior, produziu efeitos curiosos. Os três rapazes de alma indômita - Clapton, Bruce e Baker - queriam experimentar novos caminhos, novas formas de expressar suas sensibilidades musicais. Jack Bruce e Ginger Baker, pelo que parece, queriam se arriscar mais do que Clapton, e não se furtaram a trabalhar propostas musicais mais, digamos, herméticas.


Ginger Baker, o baterista, gostava (e ainda gosta) do tal do jazz. Obviamente, na época, 1969/70, o discurso era a fusão jazz/rock. Foi por aí que o camarada se enveredou e, em 1970, lançou o Ginger Baker's Air Force. Essa foi a tentativa que sucedeu o Blind Faith. A base do grupo reunia três quartos desse grupo: Baker, Winwood e Grech. Além desses, havia mais um monte de músicos encarregados da alquimia musical.


O resultado sonoro traz, em alguns momentos, algo similar ao bom maluco Zappa (confiram Early in the morning). O som é permeado por uma guitarra frenética e distorcida (Denny Lane), violino (Grech - encarregado também do baixo), sopros (Wood, McNair e Bound) e os cambau a quatro. Obviamente, Baker deita e rola em suas performances (a gravação é ao vivo) - em algumas faixas os solos de bateria são quilométricos. Essa reunião sonora durou exatos dois lps: Air Force 1 e 2.


A rapaziada que é chegada em momentos históricos do rock'n'roll tem aqui um bom exemplo. Vale a conferida.


Ouçam no podcast.


Baixem aqui: link

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fé cega, faca amolada

O final dos anos sessenta foi um período turbulento marcado por algumas crias musicais explosivas e de duração efêmera, verdadeiras estrelas cadentes, mas cujos trabalhos ainda reverberam no imaginário dos roqueiros que, como praga, ainda brotam incessantemente entre os prédios das cidades.


Após o fim do Cream, o guitarrista Eric Clapton e o baterista Ginger Baker se uniram a Steve Winwood (ex-Traffic) e Rick Grech e formaram o antológico Blind Faith. Grupo de curta vida mas de efeito intenso no universo rocker. A coisa só durou o tempo para um LP, com o nome da banda, gravado em 69. O disco é aquele com a capa que hoje poderia mandar a tribo inteira pra cadeia - tem a foto de uma jovenzinha pré-púbere nua brincando com um avião. É sempre bom poder ouvir Can't find my way home, que se tornou um tipo de hino pros ripongas que se perdiam na boa e velha estrada em busca da terra sem males.

Obviamente, com o sucesso, deram um jeito de arranjar alguns restos de gravações e lançaram outro disco, intitulado Hyde & Seek. São catorze faixas registradas (típicos botlegs), uma parte durante um show no Hide Park, e outra no Morgan Studio, contendo algumas curiosidades como uma versão de Under my thumb, que os mais jovens podem ter conhecido através dos Rolling Stones. O resultado sonoro não é lá essas coisas, mas pode agradar aos fãs.


Deixarei duas faixas ali no podcast.


Os links: here & here

domingo, 12 de abril de 2009

Disraeli Gears

Em maio de 1967 chegou em Nova Iorque uma bandinha inglesa, um trio, para ser exato. Eles arranjaram uma das salas do estúdio da Atlantic Records para gravar um disco que tornaria um dos ícones do rock'n'roll. Durante três dias e meio (o visto para estadia em solo americano se encerraria nesse prazo) a rapaziada se desdobrou para concluir as gravações do sensacional Disraeli Gears.

Sim, senhores, a bandinha era formada por Eric Clapton, Jack Bruce e Peter "Ginger" Baker, imortalizada sob o nome The Cream. O esforço legou-nos um dos hits mais tocados por todas as bandas de garagem (ou não): Sunshine of your love. Resta-nos plugar a velha guitarra e mandar ver.

Ouçam ali no pocast.

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Lou Reed - Transformer



Esse papo de "glam rock", segundo o meu amigo Vinhas, é coisa para o terceiro sexo. Eu discordarei. Prefiro pensar a androginia dos anos sessenta e setenta como uma forma de chutar o balde dos tabus que existiam na sociedade - e ainda existem: o fato é que um cai, surge outro. Um exemplinho: antes, o povaréu não podia tocar no assunto sexo, hoje, o povaréu é obrigado a falar. Enfim, a repressão continua a existir. Essa é uma discussão e tanto, que melhor ficaria lá no blog do Grijó. Aqui, ater-me-ei à música.


Um disco antológico, lançado em 72, dedicado à marginália urbana (junks, putas e bichas), foi o Transformer, do proto-punk Lou Reed. Esse disco tem uma linguagem musical próxima daquela encontrada no disco do T. Rex, mas a abordagem é muito mais forte, com letras carregadas de ironia e sarcasmo. Lou contou com a assessoria do maluco David Bowie para dar umas pinceladas glam nesse trabalho, mas o glamour aqui não é mera purpurina, viadagem de vitrine. Lou Reed, como seu olhar um tanto pessimista, criou alguns espinhos que arranharam bastante o moralismo norte-americano da época.


Deixarei dois hits desse lp ali no podcast: Vicious e Walk on the wild side.


O link: Here!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Eletric Warrior

Continuo a escavação da memória em busca dos vestígios dos dinossauros.

Só dois anos depois, já em 74, eu descolei outro lp do T. Rex - o Eletric warrior-, que foi gravado em 71. Eu encontrei o disco numa loja em Colatina, norte do Espírito Santo. Estava lá, abandonado. Esperando por mim, talvez. Gastei o pouco que tinha e fui para casa ouvi-lo.

O som aqui também é leve, com uma batida bastante envolvente. Os arranjos não são tão rebuscados como no Slider, mas me agradaram mais. Mesmo porque, naquele momento, eu andava meio caído por uma guria que também gostou do disco. Eu o usei algumas vezes como pretexto para ir até à sua casa e até forcei a bandinha na qual eu cantava a tocar Lea woman blues e Bang a gong (get it on).

Aumenta aí que o som é legal.

Os links: um, dois, três, quatro

domingo, 5 de abril de 2009

Mais paleontologia: T. Rex

Continuemos com nossos dinossauros. Mais do que dinossauros, Tiranossaurus Rex, ou T. Rex, como também era chamado o grupo liderado por Marc Bolan (guitarras e vocal) mais Mickey Finn (percussão e voz), Steve Currie (baixo) e Bill Legend (bateria). Esse foi outro som que me causou alguma estranheza quando ouvi pela primeira vez, em 1972, e é mais um da série de lps apresentados pelo irmão mais velho. Imaginei que fosse como os anteriores que ele havia deixado em casa. Eu queria ouvir a boa e velha pedreira hard, mas esse grupo fazia um som mais leve, menos agressivo, que, à época, era chamado de Glam(our) rock (ou glitter - lembram-se do Gary?) - aquela linha mais carregada de androginia.

Bolan tinha uma estrada um tanto psicodélica até o início dos anos setenta, quando alterou sua linguagem e produziu pelo menos dois discos que me agradam. O primeiro que chegou aos meus ouvidos foi The Slider, o segundo disco fica no suspense, pois eu postarei depois.



O som do T. Rex antecipava bastante o universo dos anos oitenta, período que, para mim, acabou de afundar o rock'n'roll. Isso não quer dizer que Bolan foi responsável pelo naufrágio. Longe disso. Creio que esses discos (o citado e o que citarei em outro post) estão entre os melhores do gênero - os arranjos são algo realmente diferentes e interessantes para a época do seu lançamento e para a atualidade. O arranjador incluiu de modo eficaz umas cordas que propiciaram um clima muito bom para o trabalho.


Duas faixas desse disco se revezaram como número um na "parada de sucessos": Metal Guru e Telegram Sam. Essas vocês poderão ouvir ali no podcast.
Links: Um, Dois, Três.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

E pluribus funk




Grand Funk Railroad foi uma das bandas de hard rock que eu mais curti nos anos setenta. Ainda tenho vários discos, alguns adquiridos ainda na época (lps) outros comprados quando o dólar foi equiparado com o dinheiro local (nem me lembro qual deles) e a importação foi facilitada.



O primeiro que eu comprei foi E pluribus funk, gravado em 1971. Adorei a capa em forma de moeda e com a efígie dos membros da banda. Mas o conteúdo é que balança geral: a molecada curtia adoidado a batida do rock'n'roll com pitadas funk (especialmente nas guitarras) aos cuidados de Mark Farner (vocal, guitarra, órgão e harmônica - foto), Don Brewer (bateria e vocal) e Mel Schacher (baixo).



Vocês poderão ouvir duas faixas ali no podcast



O link: here?